sábado, 28 de março de 2009

Administração da produção

“ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO – MUDANÇAS NA PRÁTICA DE ENSINO”


1. ADEQUANDO OS OBJETIVOS ESPECÍFICOS


Em primeiro lugar, o ensino de Administração da Produção, não deve ser confundido com Engenharia
da Produção. Assim, os objetivos foram reformulados dentro de uma amplitude voltado para a formação do
profissional de Administração da Produção, sob o enfoque estratégico, participativo e visão globalizada da
empresa, sem perder a especificidade das suas funções na organização. Buscou-se com esta experiência adequar
os objetivos específicos, para que o aluno fosse capaz de LER, INTERPRETAR E EXPRESSAR
CRITICAMENTE, por escrito e oralmente ou opinião formada sobre as teorias de Administração da Produção,
apresentadas por autores nacionais e estrangeiros e a sua aplicabilidade prática em empresas regionais e locais.
Foi estimulado a ESTCOLHER, CONTRATAR E FORMALIZAR uma visita à uma empresa de pequeno ou
médio porte, produzindo a partir desta explicados os pontos de aplicabilidade ou não das teorias percebidas e
CONTEXTOALIZAR a área Produção da sua empresa “caso” com as demais áreas funcionais e com o meio
ambiente externo da mesma. A partir desta empresa ser capaz de IDENTIFICAR E EXPLICAR a existência de
“participação efetiva” da administração da produção, nas decisões estratégicas dos negócios da empresa, e
IDENTIFICAR, EXPLICAR E JUSTIFICAR a necessidade ou não, das empresas terem suas administrações
funcionais, realizada sob o enfoque estratégico, sistêmico, integrado e multifuncional. Com estas mudanças nos
objetivos específicos da disciplina, a experiência visou aproximar o aluno, intimamente dos aspectos gerenciais e
estratégicos, com os quais um Administrador da Produção convive, no seu dia a dia, dentro de uma empresa.
2. A METODOLOGIA DE ENSINO SOB NOVA ÓTICA
A disciplina de Administração de Produção é ministrada, via de regra, com as disciplinas teóricas de
base formativa. O professor fala, o aluno ouve e copia e depois repete o que o professor falou. Esta é uma
disciplina eminentemente prática, mas sem ultrapassar os extremos, que se leve a dúvida, e se o curso é para
formação de Administradores, ou de Técnicos da produção. Para tanto, a metodologia aplicada nesta experiência,
exigiu uma participação muito madura do aluno, sendo ele o elaborador dos instrumentos e da sua própria
aprendizagem. As mudanças metodológicas basicamente trabalhadas foram as relacionadas ao trinômio “alunoprofessor-
aluno”. Através de palestras EM SALA, o aluno foi preparado para a auto-aprendizagem. Buscou-se
em seguida, as técnicas de ESTUDO DE CASO, onde o aluno monta o seu próprio caso de estudos, com base em
empresas reais. O aluno tende a não gostar de ler. O aluno do ensino noturno, além de não gostar, não tem tempo
para LER por isso foi adotado o método de PRÁTICA DE LEITURA EM SALA, através da qual se produziu,
discussão em pequenos grupos, exposições individuais avaliadas e discussão dirigida com todos os alunos da
sala. A fixação de conteúdos se deu na técnica de TRABALHANDO NO CASO, que a partir de uma exposição
teórica sobre um tema de conteúdo programático, o mesmo era aplicado na empresa “caso”. Para estimular a
fixação individual, o aluno elaborou um RELATÓRIO SOBRE TEMAS ESPECIFICOS, do conteúdo
programático, apresentado por escrito em seu ponto de vista. Quanto a capacidade de socializar em uma das
empresas “caso”, escolhida pelo grupo. Finalmente a AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM incidiu sobre três
ponto referenciais de aprendizagem: participação individual em sala; produção escrita individual e produção em
grupo. Ainda dentro dos aspectos metodológicos, foi suprimida a “prova e controle de freqüência
convencionais”. Esta experiência comprovou a falta de maturidade para o “auto-controle da qualidade e
produtividade”, reflexo direto do estilo de administração, em que vem sendo praticado nas empresas.
3. APRESENTAÇÃO DOS CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS
Neste segmento da experiência, as mudanças não foram no sentido de eliminar ou acrescentar novos
conteúdos, mas assim direcionar a sua ótica de estudo, voltada para o administrador da Produção e suas
aplicações gerenciais, contrapondo-se contra a tônica atual, em que a disciplina é ministrada com direcionamento
muito acentuado ao tecnicismo da engenharia ou dos técnicos específicos da produção. Os conteúdos
convencionais, desta disciplina, tiveram as suas características gerenciais expandidas, ou evidenciadas quando
omitidas. Com isso, os aspectos da Administração, tornando-se mais evidentes, enquanto os aspectos da
operação/execução passaram para o segundo plano e, em alguns casos foram até supridos. Desta forma, as
mudanças se caracterizaram sobre a implementação de novos conceitos gerenciais e globalizantes. A empresa é
vista sob uma VISÃO GLOBAL, onde o aluno vê contextualizado o sistema de administração da empresa.
Seguindo esta lógica é CONTEXTUALIZADA a função PRODUÇÃO, mostrando ao aluno, o sistema de
produção dentro de uma visão global, desde a necessidade do cliente, até o produto acabado satisfazendo esta
necessidade. A partir desta base formativa e informativa, o aluno é levado a conhecer o SISTEMA DE
PRODUÇÃO DA EMPRESA. Neste ponto, as mudanças se concentram em conhecer e expandir as implicações
gerenciais da administração da área de produção, em toda sua abrangência, buscando e forçando
interdisciplinaridade acadêmica, aproximando o ensino da multifuncionalidade existente na administração
empresarial. Com estas pequenas modificações, na forma de apresentação dos conteúdos, o aluno foi conduzido
a assimilar a teoria e exercitar, verificando se a mesma era aplicável no seu caso prático e justificando a sua
aplicação direta, necessidade de adaptações ou completa inaplicabilidade.
4. AVALIANDO OS RESULTADOS DA EXPERIÊNCIA
A experiência foi aplicada em dois semestres consecutivos com a mesma classe de alunos. Os
resultados alcançados, foram dos mais variados tipos. Desde aqueles, que o aluno esperava da disciplina uma
“panacéia” de cálculos matemáticos, fórmulas de todos os tipos, engrenagens, parafusos e esquemas técnicos de
alta complexidade, etc, até aqueles alunos, que não imaginavam ser tão fácil e agradável ap render Administração
da Produção. Desta forma, os alunos demonstraram que vem para esta disciplina, esperando receber formação de
engenharia, ou de técnicas específicas do processo de produção e, não em ser o profissional gerenciador dos
recursos humanos e materiais de uma área produtiva. A maioria dos cursos de Administração projetam estas
expectativas. Os professores que lecionam esta disciplina, na sua maioria são técnicos profissionais, que trazem
para a sala de aula, aquele conteúdo que é de seu domínio, isto é, o conteúdo técnico. As literaturas existentes
sobre Administração da Produção, são produzidas e orientadas para a Engenharia da Produção, ou de Processos
Produtivos, voltadas para um publico de técnicos especialistas ou de nível médio. Poucas ou mesmo raras são as
obras projetadas para ser lidas por Administradores. Mesmo diante deste resultado, cuja problemática levantada
seja de alta complexidade e, sua solução encontra-se em alçadas institucional e de reforma nacional do ensino,
parece no entanto, bastante válido apreciar os principais aspectos ressaltados nesta experiência, os quais
constituem-se num principio renovador para o ensino desta disciplina. A ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO,
deixou de ser, para esta classe de alunos um obstáculo demasiadamente tecnicista, de uma ciência social
aplicada. Passou a ser uma forte aliada, para compreender melhor, a importância da área de produção numa
Empresa. O aluno conseguiu correlacionar harmoniosamente a função da produção, entre as demais funções da
empresa e entender melhor a interdependência e dinamismo das mesmas. Assumiu uma opinião analítica quanto
ao ensino, associando as disciplinas profissionalizantes do seu curso, ao dinamismo funcional da administração
de uma empresa, concluindo com uma acusação à falta de interação dinâmica e interdisciplinar, dentro do curso
e entre cursos do ensino superior. O ALUNO torna-se um crítico da sua disciplina. Desenvolve o seu potencial
crítico de realidades e conteúdos ministrados em sala de aula. Assimila conteúdos de autores, que escrevem
sobre realidades tecnológicas e sociais estrangeiras e, acima de tudo, para empresas de grande porte
incorporando o que é aplicável à sua realidade, de modo crítico e consciente descarta modismos internacionais,
muito além da sua pequena ou média empresa nacional, regional e local. Questiona a validade de conteúdos
pertinentes ao programa, os quais jamais serão aplicados por eles na vida prática, na gestão da grande maioria
das empresas, mas que são, inconseqüentemente ministrados em sala de aula. O CIENTIFICISMO marcante é
um dos resultados mais importantes deste experimento. O questionário de pesquisa para avaliação final,
comprovou pelas respostas dos alunos, que os mesmos ainda pensam de forma muito cientificista, como se
estivessem vivendo no apogeu do ILUMINISMO da idade média, em plena convivência da prática moderna, de
Administração sob o enfoque sistêmico, muito embora já apresentem consciência deste fato, encontram-se presos
aos mesmos, na expectativa de um estimulo para mudar. Este pensamento não está gratuitamente na cabeça do
aluno. A empresa na qual trabalha, normalmente “pensa” e age assim. A sociedade na qual vive, lhe cobra este
comportamento social. Infelizmente, a Universidade na qual ele estuda, preparando-se para as mudanças,
lamentavelmente pouco, ou quase nada tem, feito diferentemente disto tudo. A Universidade assim se colocando,
vem se constituindo, num REFLEXO do desenvolvimento da humanidade, quando o seu lugar é o de
PROJEÇÃO deste desenvolvimento.
5. CONCLUSÃO
Esta experiência comprovou que ensinar e produzir o conhecimento em Administração da Produção, é
uma questão de consciência e postura inovadora do profissional de ensino e não uma conseqüência, provocada
pelas desgastadas práticas de ensino-aprendizagem, atualmente utilizadas no ensino desta disciplina. O
exagerado tecnicismo, ao qual esta disciplina hoje se acha submetida pode ser comprovado na prática, que não
são, extremamente necessários para o ensino da mesma. Se hoje temos grades curriculares com estas
características, isto se deu graças ao exagerado cientificismo, de que são dotados os profissionais de áreas da
produção, os quais normalmente são os professores desta disciplina, e que também foram os criadores destas
grades. Juntam-se a estes professores, outro tanto de autores, ou tradutores de livros sobre o assunto, os quais
trazem o título ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO, mas o seu conteúdo é voltado à áreas técnicas.
Conseqüentemente o aluno não poderia pensar outra coisa desta disciplina, senão a formação técnica para a
produção em lugar do profissional da Administração. Assim, cabe às Universidades este grande papel no cenário
das mudanças. A experiência exposta neste artigo, vem comprovar que é preciso MUDAR, INOVAR,
REVOLUCIONAR para podermos formar um profissional administrador, devidamente preparado para enfrentar
os desafios do século XXI.

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